Segundo Participantes à Conferência Regional dos Transportes, Nacala-Porto dispõe de Condições Humanas e Naturais para se Desenvolver

  • A Vice-reitora da Universidade Rovuma, Prof. Sarifa Fagilde, regozija-se pelos resultados do encontro, o primeiro do género a realizar-se pela instituição nesta região.

Os participantes à Ia Conferência Regional dos Transportes, realizada na cidade portuária de Nacala, regozijaram-se com os resultados alcançados, concluindo que aquela região, em particular, e toda por onde passa o Corredor de Desenvolvimento do Norte, em geral, tem condições para se desenvolver e ganhar lugar de destaque no panorama internacional.

 

A conferência decorreu no passado dia 8 de junho e foi organizada pelo Instituto Superior de Transporte, Turismo e Comunicação (ISTTC), uma unidade académica da Universidade Rovuma (UniRovuma), tendo contado com a participação de governantes, empresários, estudantes, líderes religiosos, entre outras entidades.

A mesma foi dirigida pela Vice-reitora da UniRovuma, Prof. Catedrática Sarifa Fagilde, a qual considerou a conferência, que decorreu sob o lema Promovendo as Potencialidades Regionais, como tendo conseguido alcançar os objectivos que os seus organizadores almejavam.

A resposta ao nosso convite mostrou, claramente, a vontade de todos os presentes de abraçarem a causa do desenvolvimento local, regional, nacional e, quiçá, internacional, destacou a Vice-reitora da UniRovuma.

Ela acrescentou que esta instituição de ensino superior se instalou em Nacala-Porto para, humildemente, aliar-se aos seus residentes, governantes e cidadãos, em geral, na busca de respostas às preocupações das comunidades, através do desenvolvimento de pesquisas e projectos que possam indicar os possíveis caminhos para a resolução de problemas que apoquentam as populações.

Com esta conferência damos o pontapé de saída para reflexões conjuntas e espero que continuemos a envidar esforços para crescermos academicamente, aliando a teoria à prática, organizando visitas de estudo e aproveitando a abertura dos administradores aqui presentes, vincou a Prof. Fagilde.

Para Sarifa Fagilde, as apresentações e discussões havidas foram autênticas lições, dado que, na sua opinião, lançaram-se desafios para a cidade de Nacala-Porto e regiões subjacentes se erguerem, pois, a região dispõe de todas as condições para se desenvolver. 

A logística vista numa perspectiva da forma como é transportada a mercadoria de um ponto para outro, ou serviços de produção, Nacala constitui um ponto indicado para a realização da conferência, pois, este ponto do país pode-se orgulhar por ser uma excepção, em termos logísticos, no qual é possível realizar operações por terra, ar e água.

A conferência, na constatação da Vice-reitora, realiza-se num ano peculiar em que a UniRovuma inicia a implementação do seu Plano Estratégico 2023 – 2032, que tem como objectivo desenvolver a pesquisa, extensão, inovação e publicação. 

A mesma ocorreu dois dias depois da celebração do chamado dia D da logística, o dia 6 de Junho, facto que, de acordo com a Prof. Fagilde, revela o compromisso que a Universidade assume na área de logística, não apenas em termos de formação do capital humano, mas, sobretudo, em procurar mecanismos de articulação dos diferentes sectores envolvidos nesta área, para a solução dos problemas de logística no nosso país, e em particular na região norte, onde a UniRovuma está enraizada.

 

Nacala será grande porta de África

- Ruy Moreira Cravo, docente universitário

Como nos referimos anteriormente, a conferência teve o beneplácito de reunir diferentes individualidades, sendo uma delas o Prof. Ruy Nogueira Cravo, docente da Universidade Politécnica e do Instituto Superior de Transportes e Comunicações em Maputo e um dos oradores do evento.

Para este professor, Nacala tem potencialidades que a possam elevar a patamares de desenvolvimento extremamente altos e constituir-se numa grande porta da África, quer para a saída de mercadorias, quanto para a entrada das mesmas.

Nogueira Cravo considerou que para isso acontecer, é preciso que seja potenciada a rede logística interna pela internacional, sendo necessário que sejam observados alguns pressupostos, nomeadamente, o modelo de desenvolvimento para os países da África Austral, a globalização, a logística e a Universidade como alavanca para o crescimento dum país.

O Corredor de Nacala está muito avançado porque tem tantas condições para ir mais além, para tal é necessário a disponibilidade de dinheiro, a vontade política de todos intervenientes e o conhecimento intelectual, sublinhou o Prof. Nogueira Cravo.

Falando particularmente da entidade organizadora do evento, o Prof. Ruy Cravo considerou que a Universidade Rovuma tem uma grande visão do futuro e que a região de Nacala é um local ideal para implantar uma instituição que forme quadros superiores em gestão de transportes e logística.

 

O Porto de Nacala não é infraestrutura qualquer

- Sidónio Turra, docente da UniRovuma

O Prof. Doutor Sidónio Turra, docente da Universidade Rovuma e o segundo orador da conferência, teve uma intervenção incisiva afirmando que o Porto de Nacala não deve ser visto como uma infraestrutura qualquer, inútil e reduzido a uma construção de pequena monta.

Sidónio Turra acrescentou que aquela infraestrutura merece a atenção dos decisores nacionais de forma a situá-la no seu verdadeiro lugar no quadro na economia nacional, regional e internacional, pois dispõe de tudo para atingir níveis mais elevados no cenário mundial. 

Temos condições para sairmos de onde estamos para melhor nos posicionarmos no mundo competitivo de hoje, asseverou Sidónio Turra, adiantando que os recursos naturais e outros de que dispomos impelem-nos a ter uma nova ação e novos métodos de trabalho.

Recuando para os anais históricos, o Prof. Turra precisou que há décadas houve tentativa dos colonizadores para que se construísse uma linha férrea do Porto de Elisabeth, na vizinha África do Sul, para Nacala, em detrimento das infraestruturas existentes ferro portuárias existentes atualmente.

Para Sidónio Turra, caso isso acontecesse, nem o porto, nem a linha férrea que hoje, juntos, constituem o Corredor de Nacala, existiriam, tornando a parte Norte de Moçambique dependente da África do Sul no escoamento de sua diversa mercadoria.

Isso foi um grande ganho para nós, precisou o Prof. Turra, chamando a atenção para a necessidade de se internacionalizar as infraestruturas de que o país dispõe, no quadro do que é emanado pela Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

No mesmo encontro intervieram, entre tantas figuras, os administradores de Monapo e Malema, respectivamente, Suzete Nhangumele e Morchido Daúdo Momade.

Os dois distritos são atravessados pela linha férrea, tendo, por isso, localização geográfica privilegiada no âmbito do Corredor de Desenvolvimento de Nacala. Este abrange, igualmente, as províncias de Cabo Delgado e Niassa, o Malawi e o sudeste da Zâmbia.

A administradora do Monapo, Suzete Nhangumele, referiu-se às potencialidades que o distrito tem apontando, especificamente, a energia eólica, uma área que, infelizmente, não está a ser explorada apesar da região dispor de condições para o efeito.

É necessário que façamos um estudo e trazer os resultados aos governantes competentes de modo que estes tomem uma decisão, afirmou Nhangumele, questionando, mais adiante, até que ponto se exploram os corredores tendo em conta que a partida do corredor que atravessa Monapo é o Porto de Nacala.

Para além das potencialidades para a geração de energia eólica, o distrito de Monapo dispõe de terreno fértil para produção agrícola alimentar e de rendimento, tendo em tempos idos se destacado neste ramo, principalmente no cultivo do algodão e sisal.

Por sua vez, o administrador de Malema, Morchido Daúdo Momade, defendeu a construção de corredores alternativos para o transporte de produtos agrícolas e outros, e, simultaneamente, de portos secos, com vista a manusear muita comida que tem apodrecido nos celeiros dos camponeses em cada ano agrícola.

É melhor direcionar os investimentos para a construção desses empreendimentos que apontei, pediu Daúdo Momade.

Por outro lado, ele manifestou-se aberto a uma parceria entre o seu distrito e a Universidade Rovuma, com vista ao que descreveu de aconselhamento que esta instituição de ensino superior pode prestar ao governo local sobre o que este deve fazer para desenvolver a região.

Queremos fazer coisas que nos ajudem a crescer e partilhar com o nosso povo as boas que podemos fazer como governo, enfatizou o dirigente de Malema.

A conferência abordou, igualmente, a problemática dos transportes rodoviários das três províncias do Norte do país, com os representantes das respectivas direcções provinciais a divergirem em muitos aspectos.

Por exemplo, os preços dos transportes semicolectivos de passageiros, vulgo “chapas”, são diferentes para a mesma distância, pagando mais caro nas províncias de Cabo Delgado e Niassa em relação a Nampula.

O que elas têm em comum nesta área, segundo alguns intervenientes do painel a isso dedicado, é a desordem nos transportes e a prática de corrupção por parte de membros da Polícia de Trânsito, os quais chegam a instalar postos de controle em lugares impróprios somente para extorquirem os automobilistas.

É uma má experiência que ensombra as nossas províncias e é essa uma das razões para a subida galopante do número de acidentes de viação, muitas vezes mortais, afirmaram.


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